Autora: Daniela Arbex
Editora: Geração Editorial
Páginas: 276
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Durante décadas, milhares de pacientes foram internados à força, sem diagnóstico de doença mental, num enorme hospício na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Ali foram torturados, violentados e mortos sem que ninguém se importasse com seu destino. Eram apenas epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas pelos patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento. Ninguém ouvia seus gritos. Jornalistas famosos, nos anos 60 e 70, fizeram reportagens denunciando os maus tratos. Nenhum deles ― como faz agora Daniela Arbex ― conseguiu contar a história completa. O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.
"Toda história tem outra por trás dela. A do holocausto brasileiro não foge a esta regra."
Holocausto Brasileiro foi publicado pela primeira vez em 2013 pela Geração Editorial e recentemente pela Editora Intrínseca, li a versão da Geração que eu já tinha no Kindle e estava parado algum tempo nele.
Holocausto Brasileiro vai nos contar a história do antigo Hospital Colonia em Barbacena, em Minas Gerais e mostra detalhes revoltantes de tudo que aconteceu lá. Retirei de algumas reportagens alguns trechos que explica um pouco do que aconteceu lá.
Em 1903, Barbacena ganhou o nome de "Cidade dos Loucos" por causa da inauguração de 7 hospitais psiquiátricos no município, entre eles o hospital Colônia que antes de ser um local focado no "tratamento" psiquiátrico, tratava pacientes vítimas da tuberculose, por ser um lugar isolado ele se "tornou ótimo" para para excluir os grupos não aceitos pela sociedade.O centro recebia diariamente, além de pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solos, meninas considerada problemáticas, mulheres engravidadas pelos patrões, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento, mendigos, alcoólatras, melancólicos, tímidos e todo tipo de gente considerada fora dos padrões sociais.Os tratamentos funcionavam à base da tortura: utilizavam cadeiras elétricas, solitárias e camisas de força. Os pacientes eram submetidos à situações precárias de sobrevivência, como fome e sede extremas. Em alguns casos, chegavam a beber a própria urina. Nos pátios, viviam nus e em meio a ratos e baratas; urinavam e defecavam no chão. Crianças tinham o mesmo tratamento dos adultos e ficavam todos juntos.Estima-se que 60 mil vidas foram perdidas no Colônia até o fim dos métodos desumanos nos anos 80. Em 1996, um dos pavilhões foi transformado em museu para manter viva essa lamentável memória da história brasileira. Hoje, restam menos de 200 sobreviventes da tragédia
Tudo isso pode até parecer história de filme de terror, mas é a realidade que aconteceu aqui no Brasil e infelizmente é pouco falada. E por mais que seja uma história triste deveria ser conhecida por todos, porque é com o passado que podemos evitar coisas assim no futuro.
Daniela nesse livro entrevistou ex-funcionários, pacientes, parentes e fez um livro nos mostrando a infeliz realidade do que aconteceu no hospício. É impossível ler esse livro e não sentir nenhum tipo de emoção, eu senti tantas coisas que as histórias até agora estão presas na minha mente. O livro além de reportagens tem diversas fotos que mostra um pouco do que acontecia nesse hospício.
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| Silvio Savat, que deu entrada na Colônia com cerca de 9 anos. Ele foi fotografado por Napoleão Xavier, em 1979, aos 11 anos, vestido de mulher e com o corpo coberto de moscas. Deu ao autor da foto a impressão de ver um cadáver. |
Esse é aquele tipo de livro difícil de ler, mas extremamente necessário. É com a nossa história que podemos evitar fatos como esse no futuro, e por mais que a gente tente não falar disso aqui no blog, esse livro nos traz ao governo atual, temos um governo que não se preocupa em com isso, muito pelo contrário.
Holocausto Brasileiro é aquele livro que vai te fazer sofrer durante toda a leitura, mas que é extremamente necessário para todos, inclusive deveria ser leitura obrigatória nas escolas, para essa parte da nossa história não ser jogada debaixo do tapete e sim ser lembrada sempre como uma parte da história que não queremos novamente.
Fontes:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-manicomio-barbacena-holocausto-brasileiro-matou-60-mil-nise-silveira.phtml
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-tragedia-do-hospital-colonia-de-barbacena/
https://revistaforum.com.br/politica/texto-do-ministerio-da-saude-prega-eletrochoque-e-internacao-de-crianca-em-hospital-psiquiatrico-ministro-diz-desconhecer/
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