Resenha: Bela Gratidão - Corey Ann Haydu

Título: Bela Gratidão
Autora: Corey Ann Haydu
Editora: Galera Record
Páginas: 432
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Um romance sobre amadurecimento e a dureza de crescer em uma cultura que exige das mulheres nada menos que a perfeição.
Corey Ann Haydu explora as complexidades da família, os limites do amor e quão duro é crescer em uma cultura que premia a beleza acima de qualquer outra coisa e cobra das mulheres nada menos que a perfeição. Uma leitura atual que dialoga direta e honestamente com a multiplicidade de questões enfrentadas por adolescentes e jovens no mundo todo – a confusão do primeiro amor, os dramas familiares e a construção da própria identidade no meio de toda essa loucura. O livro está cheio de personagens realistas, que tropeçam nos próprios medos e cometem erros com alguns dos quais é impossível não se identificar. Montana e sua irmã Arizona têm um pacto desde que a mãe as deixou: São elas duas contra todo o mundo. Com o pai sempre imerso em relacionamentos tóxicos e uma sucessão de madrastas essa foi a maneira que encontraram de seguir em frente. Mas agora que Arizona foi para a faculdade Montana se sente deixada pra trás e perdida, mergulhando em uma amizade vertiginosa e empolgante com a ousada Karissa. No meio disso tudo, Montana encontra uma distração em Bernardo. Resta saber se Montana têm a confiança necessária no que sentem um pelo outro para encaixar Bernardo na sua vida imperfeita.





"Eu sou um território. Eu sou uma coisa na qual as pessoas colocam bandeiras. Querem declarar que pertenço a elas. Isso é uma coisa totalmente nova. Eu estou acostumada a ser uma coisa abandonada. Uma meia esquecida ou um brinquedo que já não se que mais, uma lembrança vaga e simbólica de uma época da sua vida. Eu sou Montana que assistiu à mudança de Tess ou a Montana que recebe um cartão por ano da mãe ou a Montana cuja a irmã se diverte mais sem ela."
Eu realmente queria falar que amei esse livro, mas infelizmente essa não é a verdade, esse livro infelizmente me deixou na maior parte do tempo com raiva. Nesse livro vamos conhecer Montana, uma adolescente de 17 anos que está passando por uma fase difícil. Ela e a irmã dela Arizona eram inseparáveis, desde a época que a mãe dela abandonou elas. O pai delas é um cirurgião plástico que só pensa literalmente em estética, deixando na maior parte do tempo as filhas de lado. Montana e Arizona eram o apoio uma da outra, só que Arizona foi pra faculdade e Montana se sentiu abandonada, achando que o vínculo que ela tinha com a irmã tinha sido quebrado.

E no meio desse turbilhão de medos e dúvidas Montana conhece Karissa durante sua aula de teatro. Karissa é a menina popular com história triste, e por ser mais velha que Montana, mostra o lado "excitante" da vida, levando ela pra baladas, pra beber,  se embriagar e ai por diante.

No meio disso tudo ela conhece Bernado, que no começo aparenta ser um garoto fofo, capaz inclusive de pintar o cabelo de rosa pra conquistar uma garota. O início dele foi troca de olhares, e só depois de um tempo que eles realmente começam a se falar.

A vida de Montana já está uma confusão, mas consegue ficar ainda pior quando descobre que sua melhor amiga Karissa está se relacionando com seu pai. Pois é, a grande amiga virou madrasta, e isso tudo acontece durante as férias de Arizona que deveria ser um momento feliz para ambas.





Só com esse resumo de pessoas na vida de Montana já deu pra perceber o tanto de confusão, né? Mas acredito que esse livro vai muito além das confusões pessoais da personagem principal, vai a forma como abordou alguns temas como se fossem as coisas mais natural do mundo, e que na verdade não era. Eu achei Montana mimada e com o rei na barriga, que acreditava que todos tinham que fazer o que ela queria, porque se não fizesse não era amor suficiente, e muitas vezes quis pegar ela e falar umas boas verdades kkkkkk

"Eu passo tanto tempo pensando no que há de errado comigo, me perguntando por que eu não sou uma irmã boa o suficiente ou amiga ou filha, ou pessoa, que a ideia de ser boa é um pouco insuportável."

Na maior parte da leitura eu me perguntava: "CADÊ A PORRA DE UM ADULTO?".  Uma das coisas que mais me espantou foi a forma como a Montana que é adolescente, e os demais personagens que tinham 18 anos ou mais bebiam, pareciam que estavam bebendo água, e faziam isso DIARIAMENTE. Montana aos 17 anos acho que ficou mais bêbada que eu com 29 anos. Não serei hipócrita em falar que nunca fiz nada disso na vida, mas acho que existem limites pra tudo. Muitas vezes na idade dela eu bebi, mas sabia que era errado, diferente do que acontece nesse livro, onde beber é ser "cool". Karissa uma mulher com 23 anos era a primeira a influenciar isso, mostrando que beber, fumar, ser "cool" era legal.

Quando Bernado entra na vida de Montana eu achei que ele poderia mostrar para Montana que ela não precisa ser "cool" pra ser legal. Mas por incrível que pareça isso não aconteceu, e cada vez minha revolta aumentava mais. Bernado até poderia ser algo bom, mas não é, ele incentiva Montana a fazer coisas erradas e  quis inclusive controlar o relacionamento que ela tinha com outras pessoas. Daí você já percebe que o relacionamento deles seria um desastre total.

Falei muito da forma que a autora "normatizou" a bebida, mas teve outras outras drogas, e muitas outras coisas. Por mais que a gente saiba que são coisas que acontecem diariamente, acredito que todo autor tem que saber a influência que pode ter em um leitor. E a forma que foi escrito como tudo fosse legal pode sim influenciar pessoas mais jovens, que vão achar que isso tudo é legal.



Aí você me pergunta: Cadê a BELA GRATIDÃO? Pois é, isso é um diário de Montana, onde ela escreve algumas coisas pela qual foi grata durante o dia. Não vou mentir que estava esperando as consequências de tudo que ela estava fazendo, em um livro com mais de 400 páginas eu não vi nada de Belo, as consequências que ela teve por algumas atitudes passadas, eram tão pequenas que não fez muita diferença no contexto geral. Na hora que eu achei que ia realmente ter consequências por suas atitudes o livro acabou. Sim, o pensamento dela mudou nas duas últimas páginas sobre muitas coisas e foi só. Foram pensamentos, eu realmente não sei o que ela colocou em prática ou não, e era isso que eu queria saber.
"Você não pode ser mais próxima de Natasha do que a mim - diz ele..."
Bela Gratidão é todo escrito em primeira pessoa e sempre com o ponto de vista de Montana. A escrita é fluída mesmo me fazendo passar raiva kkkkk, e durante a leitura não encontrei erros ortográficos. A capa é simples, mas tem uma certa ligação com o livro. Acredito que a parte que mais gostei foi a hora que ela foi conversar com antigas madrastas delas, essas que ela e sua irmã Arizona desprezam e trataram mal. Outro detalhe foi a forma como a profissão do pai afetou a vida das irmãs, mas principalmente a vida de Montana, já que ela tinha um certo repulso pela forma que o pai lidava com a profissão, querendo mudar não só as pacientes, mas também todos que estavam a sua volta.

Bela Gratidão aborda com uma naturalidade exagerada temas como uso de álcool, drogas e relacionamento. E que por abordar temas que realmente precisam ser descutidos, faltou um pouco mais de sutileza da autora  sobre o assunto. Um livro que fui com muita sede ao pote, mas que infelizmente me decepcionou.








8 comentários:

  1. Eu amei a capa. Aí vi o nome da autora e coloquei na wishlist. Lendo agora a sua resenha, acho que o que você sentiu foi parecido como me senti lendo "Proibido", aquela angústia em ver os personagens passando por tanto sofrimento sem um adulto por perto, sem ninguém perceber o quanto eles estão sofrendo e perdidos.

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  2. Oi Kel!
    Olhando para o livro eu imaginava algo bem fofo, bem leve, um pouco diferente do que é a história. Achei o enredo parecido de filmes que já assisti, tipo sessão da tarde sabe? Acho ótimo a autora lidar com o tema família na história, e bateu a curiosidade para saber o desfecho do pai da Montana, se ele vai começar a enxergar a realidade ou não! Ri com a parte do vale cirurgia, é tão surreal que chega a ser engraçado!!
    Beijos

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  3. Já posso pegar ranço de Montana? Confesso que por essa linda capa não imaginava que a trama teria um enredo assim. Odeio personagens inconsequentes e imaturos, ainda mais quando a maioria dos personagens agem desta forma.Não me interessei em nada pelo livro.

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  4. Oi Raquel!
    Não é primeira pessoa que leio que tem essa opinião do livro, confesso que peguei ele várias e várias vezes na livraria pra trazer pra casa mas não tive coragem, e ainda não tenho vontade de ler tbm, um dia quem sabe eu mudo de idéia..

    Bjs!

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  5. Oi Raquel, eu nunca iria pensar que esse livro cm essa capa fofa iria fazer o leitor passar raiva rsrs, porque sim, só lendo a resenha já compartilhei de suas frustrações com a leitura, o que é uma pena, a história tinha potencial ;)

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  6. Raquel!
    Incongruente, né?
    Gosto quando o livro traz a temática familiar, mesmo que aqui seja uma família bem desestruturada.
    A pobre da Montana tem que lidar com sentimentos profundos de rejeição e ainda uma série de outros sentimentos que devem torná-la uma pessoa um tanto triste...
    Fiquei bem curiosa para ler, mesmo dizendo que tem alguns trechos arrastados.
    Uma semaninha plena de amor no coração!
    “Eu escolho um homem que não duvide de minha coragem, que não me acredite inocente, que tenha a coragem de me tratar como uma mulher.” (Anaïs Nin)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA FEVEREIRO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  7. Oi Raquel,
    Dramas familiares, geralmente, rendem bons enredos, pois são muitas vertentes a serem exploradas e, a partir delas, o autor (a) consegue criar histórias cativantes e envolventes. Montana é o reflexo d falta de um responsável em sua vida. Com o abandono da mãe, um pai ausente e irmã seguindo sua vida, a personagem ficou sem rumo e sem orientação sobre sus escolhas na vida. Sua vulnerabilidade deu total acesso à amizades mal intencionadas e ações desregradas, com pouca ou nenhuma consequência. Sem ter lido o livro consigo entender a intenção da Corey Ann Haydu, pois ela mostra uma realidade que muitos querem ignorar. Mas entendo sua reflexão sobre a história também,pois autores são influenciadores e através de sua escrita eles podem dar exemplos e ensinamentos a milhares de leitores. Bela Gratidão poderia ser o livro a mudar a vida de muitas pessoas, mas pode ser que sua história seja absorvida de forma errada por quem for lê-la.

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