Resenha: A Mulher Com Olhos de Fogo - O Despertar Feminista - Nawal El Saadawi

Título: A Mulher Com Olhos de Fogo - O Despertar Feminista
Autora: Nawal El Saadawi
Editora: Faro Editorial
Páginas: 160
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“Um dos livros mais francos e radicais sobre a vida feminina, de todas as origens, em todas as partes do mundo.” THE GUARDIAN
Esta ficção é baseada no relato verdadeiro de uma mulher que espera sua execução em uma prisão no Egito. Sua história chega até a autora, que resolve conhecer Firdaus para entender o que levou aquela prisioneira a um ponto tão crítico de sua existência. “Deixe-me falar. Não me interrompa. Não tenho tempo para ouvir você”, começa Firdaus. E ela prossegue contando sobre como foi crescer na miséria, sua mutilação genital, ser violada por membros da família, casar ainda adolescente com um homem muito mais velho, ser espancada frequentemente, e ter de se prostituir... até que, num ato de rebeldia, reuniu coragem para matar um de seus agressores, levando-a à prisão. Esse relato é um implacável desafio a nossa sociedade. Fala de uma vida desprovida de escolhas, mas que em meio ao desespero encontra caminhos. E, por mais sombrio que isso possa parecer, sua narrativa nos convida a experimentar um pouco dessa liberdade encorajadora através das transformações internas de Firdaus. O que acontece com ela é o despertar feminista de uma mulher.
 A AUTORA: NAWAL EL SAADAWI, 87, é uma escritora, ativista, médica e psiquiatra feminista egípcia. Saadawi foi presa pelo presidente Anwar al-Sadat em 1981 por supostos “crimes contra o Estado”. Ela escreveu muitos livros sobre as mulheres no Islã, e se dedica, em especial, à luta contra a prática da mutilação genital feminina no Oriente Médio. Nawal é tratada como “a Simone de Beauvoir do mundo árabe”. Seus livros já foram traduzidos para mais de 28 idiomas e são adotados em universidades do mundo inteiro. Seus discursos atualmente se concentram na crítica à tentativa de normalizar o que ela considera a opressão aos costumes das mulheres na África e Oriente Médio. Depois de quatro décadas da revolução islâmica, muitos já consideram normais as restrições aplicadas às mulheres, incluindo as próprias mulheres.
“A Simone de Beauvoir do mundo árabe”. REUTERS"





"Meu tio era um xeique respeitado, bem versado nos ensinamentos da religião, e que, portanto, não era possível que ele tivesse o hábito de bater na sua mulher. Ele retrucou que eram justamente os homens versados na sua religião que batiam nas esposas. Os preceitos da religião permitiam tal punição. Uma mulher virtuosa não devia se queixar do marido. O dever dela era a perfeita obediência."

No livro A Mulher com Olhos de Fogo que é uma ficção baseada em fatos reais, vamos conhecer através de Nawal El Saadawi o relato de Fridaus, que se encontra presa e nas suas últimas horas antes de ser executada após matar um homem. Firdaus está presa e não aceitava receber a visita de ninguém, mas abriu uma exceção para Nawal El Saadawi e decide contar sua vida desde o início.



A vida de Fridaus nunca foi bonita e durante todo o livro ela mostra isso sem romantizar ou simplesmente querer "amenizar", ela mostra de forma dura e crua o que foi viver na miséria, sofrer mutilação genital e sofrer na mão de todos os homens que conviveu, sem nenhuma exceção.

Lembrando que a mutilação é uma prática proibida desde 2008, mas que ainda em 2019 acontece com frequência, em 2016 um deputado egípcios afirmou "mutilação genital é necessária porque homens são sexualmente fracos"

Acho bom destacar que a autora Nawal El Saadawi  é uma escritora, médica, psiquiatra e feminista egípcia. Escreveu muitos livros sobre o tema das mulheres no Islã, prestando especial atenção à prática da mutilação genital feminina em sua sociedade.



Esse livro foi escrito todo em primeira pessoa, o que nos conecta ainda mais com a vida de Firdaus.
Não foi uma leitura fácil, porém a escrita é fluída e mesmo sendo uma leitura dolorosa você consegue ler rapidamente. A edição da Faro como sempre é linda, o que torna a leitura ainda mais prazerosa.

O livro foi escrito em 1973, e só mostra o quanto tudo que a Firdaus passou ainda é atual. Lembrando que ela vivia no Egito, que até hoje é considerado um dos piores países para as mulheres viverem.

"Egito se tornou o pior país no mundo árabe em relação aos direitos das mulheres [...] O estudo mostrou que o assédio sexual, mutilações dos genitais e o aumento da violência e de grupos islamitas conservadores após a Primavera Árabe (2011) fizeram do Egito o pior país árabe para uma mulher.
Além disso, leis discriminatórias e um aumento no tráfico de mulheres contribuiu para que o Egito ficasse em último na lista de 22 países árabes."

Não vou detalhar ou falar sobre alguns acontecimento pra não dar spoilers e você poder aproveitar mais a leitura. Essa é aquela história que recomendo pra todo mundo, por mais impactante que seja, é necessário.

Esse livro também fez parte do desafio Book Chalenge Feminista 2019, e encaixa mas categorias 4 e 5, que são, livro escrito por uma autora feminista e uma biografia feminista, vou deixar a imagem do desafio no final da resenha.

A nossa luta continua e é uma luta diária, e ler esse livro nos faz refletir um pouco mais sobre a vida das mulheres em outros lugares do mundo. Ainda temos muito pelo o que lutar e conquistar, e a história de Firdaus e da autora Nawal El Saadawi além de nos mostrar uma outra realidade, ainda serve de inspiração pra continuar lutando diariamente.




Fontes:
https://www.brasileiraspelomundo.com/mulheres-na-sociedade-egipcia-332127375

https://expresso.pt/internacional/2018-02-07-Mutilacao-genital-feminina.-Uma-pratica-sem-fim-a-vista#gs.4y0ovz

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/africa/estudo-aponta-egito-como-o-pior-pais-para-mulheres-no-mundo-arabe,83c5e31952d42410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

https://www.dn.pt/mundo/interior/mutilacao-genital-e-necessaria-porque-homens-sao-sexualmente-fracos-5375721.html

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