Resenha: O Filho de Todos - Thrity Umrigar

Título: O Filho de Todos
Autora: Thrity Umrigar
Editora Globo Livros
Páginas: 344

Durante uma terrível onda de calor, o menino Anton foi trancado sozinho em um apartamento. Com fome e desesperado, ele quebra uma das janelas e foge. Sua mãe é encontrada desacordada em um reduto de viciados em crack próximo dali. Ela jamais quis deixar Anton, porém, sofrendo com os efeitos do vício e sem ninguém para ajudá-la, acabou sendo estuprada por um traficante, que a manteve dopada em cárcere privado. Embora o vínculo entre mãe e filho fosse extremamente forte, a mãe vai para a prisão e perde a guarda do menino.

Anton é, então, adotado pelo juiz David Coleman, descendente do privilégio da classe alta e branca. Com poucas lembranças do passado, o menino segue os passos da família adotiva, levando uma vida rodeada pelas regalias que só a posição de filho de um político influente oferece.

Anton é um jovem negro criado como um membro da elite branca e moldado a acreditar que isso jamais seria um obstáculo para a sua felicidade e o seu sucesso. Quando descobre a verdade sobre sua origem e as circunstâncias que envolveram sua adoção, ele terá que confrontar quem ele realmente é e lidar com as complexidades morais dos crimes cometidos pelas pessoas que mais ama.

"Era falso o que todo mundo dizia sobre a tragédia. Tragédia não era a ausência de alguém para amar. Tragédia era amar alguém e não poder expressar esse amor."

O Filho de Todos conta a história de Anton, um garoto negro de 9 anos, que após ficar dias trancado sozinho dentro de casa, com fome e desesperado ele acaba quebrando a janela, e com isso a vida dele se transforma. Após esse ocorrido a mãe dele é presa, Anton acaba sendo adotado por uma família de classe alta branca e tendo sua vida totalmente modificada.

O livro foi divido em 4 partes e cada parte desse livro conta uma época do ano da vida de Anton. Na primeira parte do livro a história é mais focada nos pais adotivos de Anton, David Coleman e Delores, ambos passarão por uma perda extremamente dolorosa e acabam encontrando em Anton um pouco de conforto.

Ainda no primeiro livro vemos um pouco dos medos de David e Delores em adotar uma criança negra e também os medos de Anton em viver em uma comunidade praticamente de brancos.

"...Meu melhor amigo é branco. Acho que Bradley nem nota a cor da minha pele quando me vê. - E você sabe por quê? Porque você não tem cor, você é um fantasma. Se é assim que você resolveu passar por está vida, vá em frente, seu cabeça de merda. Pode seguir em frente com essa atitude pós racial e seus maneirismos. Eu vou continuar chamando do que é na verdade: uma crise de identidade."

A partir da segunda parte o foco fica em Anton e sua trajetória, seus medos, conquistas e derrotas. Uma das coisas da trajetória dele que de primeiro momento me incomodou é a forma que Anton demora pra aceitar que é negro, e durante um dos seus namoros ele é confrontado por isso, já que como ele viveu uma vida cheia de luxo de glamour, ele não soube de verdade as lutas dos negros. Alguns dos diálogos me incomodaram e achei até preconceituoso, porém durante a leitura a forma que ele foi começando a enxergar algumas coisas também foram mudando o ponto de vista dele.

Sabe quando você se sente confuso e nem sabe mais o que é certo ou errado? Me senti assim durante a leitura, teve partes que quis entrar no livro e debater junto com os personagens, mas em outros momentos me vi repensando sobre o que estava lendo.

O livro foi escrito todo em terceira pessoa, mostrando sempre o ponto de vista de todos. Os personagens secundários são de extrema importância para o enredo da história e crescimento do personagem em um todo. A capa tem total ligação com o livro, mas infelizmente não foi o que me atraiu para o livro, já que o que realmente me chamou a atenção foi a sinopse, mesmo que ache que ela revele mais do que o necessário.

Eu logo de início me liguei na história, mesmo que a partir da segunda parte do livro tenha questionado muitas atitudes do personagem principal, ainda assim foi um livro que me prendeu do início ao fim, principalmente por querer saber o que iria acontecer quando ele soubesse toda a história verdadeira da mãe biológica. Durante a leitura muitas vezes parei e pensei se realmente eu estava pronta pra esse livro, um livro intenso e mesmo com uma escrita mais simples ela te faz repensar em muitas coisas. Acho que por isso demorei dias pra fazer essa resenha, e ainda assim sinto que não estou me expressando direito. Eu sinceramente acho que preciso reler ele em breve e repensar muitas coisas kkkkkk.

A resenha acabou sendo curta por ser um livro com muitos detalhes, e por mais que tenham segredos que descobrimos logo no início, ainda assim é algo que pra história demora para ser desenvolvido, e para evitar spoiler prefiro que a resenha seja a mais breve possível.

O Filho de Todos é um livro sobre descobertas, famílias e segundas chances, mas acima de tudo um livro sobre auto descobrimento e sobre aceitação. Uma história que vai te mostrar que muitas vezes é preciso errar pra descobrir o verdadeiro sentido da vida. Um livro tão intenso e com tanta coisa pra pensar que me deixou dias e mais dias pensando e repensando em tudo que li.