Resenha: A Cidade do Sol - Khaled Hosseini

Título: A Cidade do Sol
Autor: Khaled Hosseini
Editora: Globo Livros
Páginas: 384
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Em homenagem aos 10 anos de publicação, a Globo Livros lança edição comemorativa da obra, que traz prefácio inédito e exclusivo do autor. 1959, Herat. Do relacionamento proibido entre um rico comerciante de uma das maiores cidades do Afeganistão e uma de suas empregadas nasce Mariam, uma jovem marcada pelo ostracismo e a tragédia que, rejeitada pelo pai, vive em um casebre na periferia com a mãe, tendo como único passatempo, além dos afazeres domésticos, observar os mosquitos, as flores e as pedras. Ainda adolescente, perde a mãe e é obrigada a se casar com um desconhecido trinta anos mais velho e cumprir o seu dever como mulher: servir ao marido e lhe dar muitos filhos. O destino, entretanto, parece ter outros planos para Mariam, assim como para seu país. 1993, Cabul. Laila tem catorze anos. Filha de um intelectual, ela cresceu sendo incentivada a estudar, cursar uma universidade, ter uma carreira e só depois, se assim o desejasse, pensar em se casar. Entretanto, quando seus dois irmãos são enviados para lutar contra os soviéticos, a mãe passa a ignorá-la e a se isolar em sua tristeza. Laila se vê então obrigada a assumir as responsabilidades da casa, enquanto tenta manter sua rotina na escola, seus encontros com as amigas e sua paixão secreta pelo vizinho. Laila havia sido criada para ser quem ela quisesse, entretanto, logo a guerra irá lhe mostrar que nem sempre seus desejos podem se tornar realidade. Mariam e Laila são duas mulheres com idades, trajetórias e origens opostas que acabam unidas pelas tragédias da guerra e as restrições impostas pelo talibã. Seus destinos se cruzam de forma inexorável, e elas, em todas as suas diferenças, se provarão como suas únicas fontes de alegria, amizade e esperança. Ambas representam uma legião de mulheres afegãs que lutam todos os dias pela garantia de seus direitos mais básicos e por pequenos momentos de felicidade.




"...Laila meu amor , o único inimigo que um afegão não consegue vencer é a si mesmo."

Um livro maravilhoso e assustador!
Pois é, nunca pensei que duas palavras tão opostas fizessem tanto sentido para esse livro. Quando acabei a leitura fiquei me perguntando: como era possível eu amar um livro que me fez sentir tanta tristeza por essas mulheres durante a leitura? A resposta para essa pergunta ainda não descobri, mas sei que esse livro foi essencial pra mim e acredito que será para todos que leiam ele.



O livro foi dividido em 4 partes e vai contar a história de Mariam e Laila.

Na primeira parte conhecemos Mariam que é filha de Nana e empregada de Jalil um rico empresário local. Concebida fora do casamento, ela era considerada uma harami - filha indesejada, mesmo Jalil tendo 3 esposas. Para evitar a desonra de sua  família ele compra uma casa bem longe da cidade a qual ele vai semanalmente visitar Mariam. Por algumas consequências da vida Mariam perde sua mãe aos 15 anos, e com isso acaba indo morar com o pai, seus filhos e suas 3 esposas. Só que isso não dura muito tempo, logo ela é entregue em um casamento (qual ela não deseja) com Rashid, um homem bem mais velho, e com isso ela vai com ele morar em Cabul.

Na segunda parte é a vez de conhecermos Laila que é uma jovem que vive em Cabul desde que nasceu, ela infelizmente não tem um bom relacionamento com a mãe, já que quando a guerra começou seus irmãos foram para guerra e sua mãe se tornou reclusa, sendo assim ela tem um afeto muito grande com seu pai. Mesmo com a guerra acontecendo Laila vive uma vida praticamente normal, estuda, tem amigos, e tem Tariq seu melhor amigo desde criança. Diferente de muitas famílias do Afeganistão o pai dela nunca obrigou ela se casar, pelo contrário, ele sempre incentivou os estudos dela. A vida nunca foi fácil, mas ela piora no momento que Tariq vai morar em outra cidade e seus pais falecem.

 "... Porque uma sociedade não tem  chance de dar certo se as suas mulheres não tiverem uma boa formação, Laila. Nenhuma chance."

E a partir da terceira parte a vida de Mariam e Laila se cruzam, não vou falar como ou porque, mas vê a união delas no decorrer do livro é o que da aquela força para continuar a leitura. No começo elas tiram um relacionamento conturbado e com motivos, mas quando elas enxergam uma na outra como aliadas e não como inimigas, é como se a força dessa união delas transferisse para o leitor.

O livro tem como pano de fundo os conflitos do Oriente Médio e são quase 40 anos de guerra durante a história, já que quando Mariam e Laila se conhecem tem pelo menos uns 10 anos de diferença. Começa por volta dos anos 70 e continua até o século 21.



Conhecer os costumes deles não é fácil, é sofrido e doloroso. Esse livro nos mostra a realidade das mulheres do Afeganistão e saber que muita coisa nesse livro é normal até hoje dói demais. O autor descreve muitas das violências, durante a leitura vemos como as mulheres são submetidas a diversos tipo de agressão e são propriedades dos homens. Khaled não tem medo de jogar na nossa cara a realidade cruel que elas vivem e é impossível terminar esse livro nulo de sentimentos.

Por mais que ver a união de Laila e Mariam tenha sido lindo, foi difícil ler cada agressão por qual elas passavam, vê a forma que as leis locais são totalmente contra as mulheres. Não posso deixar de citar que o autor consegue fazer várias criticas as políticas do local.

O livro foi dividido em 4 partes e foi escrito todo em terceira pessoa, nessa edição comemorativa da Editora Globo temos um prefácio inédito e exclusivo do autor. Durante a leitura não encontrei erros ortográficos.

A Cidade do Sol é aquele tipo de livro que por mais que eu fale, nada vai ser o suficiente para fazer jus a esse enredo. É impossível ler ele sem sentir revolta e tristeza, além de sentir a impotência e o medo de saber que isso ainda é muito real para diversas mulheres. Recomendo a leitura de olhos fechados.





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