Resenha: Os Monólogos da Vagina - Edição comemorativa - Eve Ensler


Título: Os Monólogos da Vagina - Edição Comemorativa
Autora: Eve Ensler
Editora Globo Livros
Páginas: 208
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Publicado em 140 países, Os monólogos da vagina marcou toda uma geração com a visão hilariante e reveladora de Eve Ensler a respeito do que até então era considerada uma zona proibida, “aquela-que-não-devia-ser-nomeada”, um mistério até mesmo para as próprias mulheres.
Adaptada a partir da premiada peça teatral off-Broadway que se tornou sucesso absoluto em todo o mundo, tendo inclusive diversas montagens no Brasil, esta obra revolucionária reúne uma série de histórias luxuriosas, emocionantes, singelas e, sobretudo, humanas, que transformaram o ponto de interrogação que costumava pairar sobre a anatomia feminina em um permanente sinal de vitória.
Vinte anos depois de seu lançamento, Eve Ensler mostra, em um prefácio inédito, por que o seu texto continua mais atual – e necessário – do que nunca. Mesclando gargalhadas e lágrimas, a autora transporta seu público para um universo que ainda hoje muitos hesitam em desbravar, garantindo que qualquer um que leia Os monólogos da vagina jamais volte a olhar para o corpo de uma mulher da mesma maneira.
“Eu estava preocupada com as vaginas. Preocupada com o que a gente pensa das vaginas, e mais preocupada ainda com o que a gente não pensa. Então, resolvi falar com mulheres a respeito do assunto. Essas conversas viraram Os monólogos da vagina. Falei com mais de duzentas mulheres: mulheres mais velhas, mais novas, casadas, solteiras, lésbicas, professoras universitárias, atrizes, executivas, profissionais do sexo, mulheres afro-americanas, hispânicas, asiáticas, caucasianas, judias. De início, elas ficavam meio relutantes, um pouco tímidas. Mas, quando começavam a falar, aí não paravam mais.”




“O pessoal detesta ver uma mulher tendo prazer, ainda mais se for prazer sexual. Sei lá, inventem uma calcinha bem linda de algodão macio com uma superfície texturizada. As mulheres iam gozar o dia todo, iam gozar no supermercado, iam gozar no metrô, iam gozar com a vagina feliz da vida. Só que ninguém ia aguentar ver tanta vagina feliz, tarada, energizada, que não leva desaforo pra casa.”

Que livro maravilhosooooo!!! Eu já tinha escutado falar sobre peça de teatro, até sabia que tinha o livro, mas não imaginava esse mar de emoções que esse livro poderia me proporcionar.

Os Monólogos da Vagina é originalmente uma peça de teatro escrito pela Eve Ensler na década de 90. Após entrevistar mais de 200 mulheres em todo o mundo, sobre sua relação com a Vagina, Eve organizou uma peça onde elas falam sobre a VAGINA, sem tabu nem pudores.

Não vou negar que por mais que soubesse que fosse um livro pra abordar temas polêmicos, eu imaginei que seria em forma de comédia, mas esse tem muito mais que humor, ele fala de temas sérios e nos mostra que a nossa VAGINA vai muito além de uma palavra tabu, ela também é o motivo por nós mulheres ainda temos medos de viver em um mundo como o nosso.



No início do livro a autora nos mostra de forma inusitada e até mesmo engraçada a nos libertar do medo de falar sobre nossa VAGINA. É tão comum os homens exaltarem os pênis deles, mas já repararam como é difícil uma mulher falar de sua vagina? Sempre criando nomes pra ela ou simplesmente ocultando ela.

A VAGINA faz parte do nosso corpo, e não deveríamos ter vergonha de falar sobre ela, um livro/peça que foi escrito 30 anos atrás, mas que não deixa de ser ainda atual. A Eve conta logo no início como foi pra ela anos atrás falar sobre algo que era/é tabu, o como após cada espetáculo mulheres vinham contar pra ela sobre o que passaram/passam.

“Ao fim de cada apresentação de Os monólogos da vagina, mulheres faziam filas enormes para falar comigo. De início, pensei que queria contar histórias de desejo e satisfação sexual – temas que eram foco de boa parte da peça. Mas elas entravam na fila para me contar, ansiosas, como e quando tinham sido estupradas, atacadas, violentadas, molestada...”

Hoje o espetáculo é um sucesso, mas agora voltem no tempo e imaginem o que foi preciso pra ser um sucesso, os preconceitos enfrentados, os países que proibiram e ela mesmo assim enfrentou tudo isso. Durante o livro a autora vai além, e em certa parte sem humor nenhum e em forma de prosa a autora mostra o quanto é difícil ser mulher, e fala sobre violência contra a mulher. E essa foi uma das partes que mais mexeu comigo, porque aquele toque de humor se vai e a gente sente cada palavra da autora, por que qual mulher nunca sofreu qualquer coisa pela simples fato de ter uma vagina,  de ser mulher?

“...Não aguento mais escutar que não tenho senso de humor, que as mulheres não têm senso de humor, quando a maioria das mulheres que conheço é engraçada pra caralho. Só não achamos que um pênis indesejado enfiado em nosso ânus ou na nossa vagina seja motivo de risada.”

Na última parte do livro a autora conta sobre o projeto V-Day, que é uma série de eventos realizado no dias dos namorados do EUA e que hoje ajuda dezenas de mulheres no mundo, e não vou mentir que sentir um puta orgulho da autora e desse projeto.

Essa é um edição comemorativa de 20 ANOS desse monólogo, com alguns textos inéditos e mais atuais do que nunca. A Editora Globo Livros como sempre caprichou na edição e durante a leitura não encontrei nenhum erro ortográfico, já posso garantir que esse é um dos meus novos livros de cabeceira.



Os Monólogos da Vagina com certeza foi uma das melhores leitura do ano. Um livro que mostra o quanto ainda temos que lutar pelos nossos direitos, que conquistamos muitas coisas sim, mas isso não chega em um terço do que ainda temos pra conquistar.

Um livro empoderado, escrito anos atrás, mas ainda real e que joga na cara o quanto ainda vivemos em uma sociedade machista e opressora, e que nossa luta para mudar isso está apenas começando. Esse livro é um grito de liberdade e que toda mulher deveria ler





3 comentários:

  1. Uau!
    Eu sabia da existência da peça, mas não lembrava da existência do livro.
    Parece ser um livro e tanto.
    Estou a procura de livros feministas, então já posso dizer que amei sua indicação e resenha.
    Imaginar que foi escrito em uma outra época, e que ainda enfrentamos dificuldades por ser mulher é desanimador, ao mesmo tempo é gratificante saber que existem mulheres que nos dão voz e que falam e escrevem o que precisa ser dito.
    Ainda temos receio do nosso corpo, de falar sobre ele...
    Será um livro bem reflexivo, na minha opinião.

    Beijos

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  2. Fiquei muito interessada por esse livro, não sabia que tinha, só sabia da peça de teatro.
    Realmente hoje ainda é um tabu falar sobre vagina, imagina o mimimi na época se tivesse redes sócias...
    Amei sua resenha.

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  3. Que legal! Só conhecia a peça de teatro e agora vejo que tem o livro. acho super importante falarmos da vagina para conhecê-la melhor. Adorei a resenha. Bjus

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