Resenha: Amali - Jéssica Macedo

Título: Amali
Autora: Jéssica Macedo
Editora: Portal 
Páginas: 192
Compre: Aqui


Brasil 1824.
Amali nunca aceitou os rumos de sua vida. Arrancada do seio de sua família, foi vendida como escrava em um país desconhecido.
Com um espírito livre e questionador, resiste às imposições e injustiças, sofrendo as amarguras de uma luta silenciada pela opressão e violência.
Colocando em cheque a vida de um recluso barão do interior de Minas Gerais, que havia perdido mais do que se julgava capaz de suportar, Amali mostra toda a sua força, conquistando a própria alforria e lutando pela liberdade dos demais.

*Edição ilustrada*






Hoje gostaria de trazer uma resenha positiva, mas infelizmente isso não será possível. Antes de expor minha opinião quero deixar algumas coisas explicadinhas. Não faz muito tempo que eu disse que não iria mais ler nacional, salvo algumas exceções. Assumo que no momento da raiva falei sem pensar, mesmo ainda estando chateada com algumas coisas do cenário literário nacional, mas que não vem ao caso no momento.

Agora voltando ao foco desse livro. Amali teve uma baita polêmica com ele  envolvido e ainda na pré-venda eu garanti o meu para poder tirar minhas próprias conclusões. Dia primeiro comecei a ler e quero deixar claro que minha opinião será baseada única e exclusivamente no livro, não conheço a autora e não tenho como ter nada contra ela.

Essa resenha poderá conter spoilers, então continuação da leitura dela é por sua conta e risco. Esse livro conta a história de Amali uma escrava e Fernando o Barão dono da fazenda.

Amali é retirada da sua família e terra natal para ser escravizada na fazenda de Fernando. Amali tem uma personalidade forte e não aceita diversas coisas que acontecem na fazenda, e algumas vezes é castigada por sua língua afiada.
"– Sirva o meu chá e saia daqui! – Fernando fez um gesto com a mão. Thaya sentiu a bandeja tremular em suas mãos e teve medo de derramar o café sobre os biscoitos, caso apertasse o passo. Da melhor forma que pôde, foi da porta até a mesa."
Fernando é um homem que após perder sua esposa em um incêndio e ficar com rosto e parte do corpo desfigurado, se tornou recluso e acabou deixando de lado muitas coisas, entre elas a fazenda que ficou meio que aos cuidados do capataz Sebastião.
"– Não irei puni-la. Admiro seu espirito, mas precisa começar a cumprir as regras antes que o feitor faça algo. – Quem manda aqui: vosmicê ou ele? Fernando cerrou os dentes com a faísca de raiva que ela despertou em seu ser. Estava demorando para que ela começasse a dar ferroadas. Era como cutucar uma casa de marimbondos. – Eu é que mando! Mas há funções que preciso delegar aos meus serviçais, e Sebastião cuida da fazenda e supervisiona tudo por mim. – Ah, entendi. Prefere se omitir e deixar tudo nas mãos do feitor... É cômodo, não acha? Alguns segundos se passaram e Fernando ficou observando apenas a silhueta dela marcada de leve pela pouca luz da lua. – As estrelas aqui são tão bonitas quanto no lugar onde eu nasci. – Amali quebrou o silêncio que havia se estabelecido entre os dois."
Sei que sou uma branca falando sobre o assunto e não estou aqui pra tomar o lugar de fala dos negros. Não faço parte da minoria e o que vou falar é minhas impressões sobre o livro, mas aqui estaremos sempre abertos pra escutar quem de fato tem voz sobre o assunto.

Antes de falar sobre o livro, vou deixar o significado aqui de ROMANTIZAR:

1.transitivo direto e intransitivo
contar em forma de romance; construir romances.
2.intransitivo
idear romances, descrições fantasiosas; romancear.
3.transitivo direto
fazer com que fique romântico; introduzir (alguém ou algo) em um texto romântico.
4.intransitivo e pronominal
assumir ares românticos.

O livro traz uma história de umas das épocas mais sofridas da história, que é a ESCRAVIDÃO, só que o tema ficou como "enfeite". Pode até ter existido romance entre uma escrava e barão, mas a forma descrita foi tão romantizada que talvez estivesse se enquadrado com outro tema, sem ter colocado a escravidão simplesmente como um assunto qualquer.
"O grito fez a mulher dar um pulo e sair correndo com o coração disparado. Não era tola de testar a ira do senhor, já que o feitor costumava ser bem enérgico durante as punições."
Aqui temos Fernando não sabendo de nada o que acontece em sua fazenda. Ele é contra escravidão, mas tem escravos em sua fazenda e nem se preocupa em saber se eles receberam a carta Áurea, que dá liberdade para os escravos. Fernando acha que tudo tá certo e confia cegamente em seu capataz. Não dá pra engolir isso! Parece que foi só uma forma de camuflar toda a culpa dele e deixá-lo branco bom e salvador.



Amali chegou na fazenda cheia de garra e com o objetivo de voltar pra casa, mas isso muda quando ela tem um instalove pelo Fernando. Toda aquela garra que um dia ela teve vai por água abaixo, já que os sentimentos dela pelo Barão são muito maiores. O sofrimento dele sobrepõe os dela, deixando claro o quanto é machista, já que a Amali diminui seus desconfortos pelo bem maior que é Fernando. 
"– Então prefere morrer como escrava, assim como eles? – Não vou morrer como escrava. Ainda farei o barão perceber tudo de errado que há nessa fazenda. Se ele é um bom homem como Thaya insiste em dizer, vai acabar com tudo isso. "
Por diversas vezes senti como se a dor de Fernando por ter perdido a esposa e ter se ferido no incêndio foi maior do que de Amali, que foi arrancada de sua família e escravizada. Gente, vamos entender que a escravidão não é uma época bonita, e sim uma época de dor e sofrimento. No post da autora explicando sobre o livro, ela disse que o livro seria paradidático. Sério? Porque além de não abordar de forma correta a escravidão o livro tem erros grotescos. O que parece também é que nem passou por uma revisão.
"– Vamos começar pelas vogais. – Ele puxou o pequeno baú de escrita e com a pena escreveu todo o alfabeto para ela. – Esse é o a. – Apontou. – É uma lembrança que aparece em quase todas as palavras. – A...aaa... – Amali tombou a cabeça e ficou observando. – A... – Isso, muito bem. – Fernando sorriu. – A próxima é um bê. A letra B. – B? – Ela contorceu o rosto em uma careta que o fez rir. – Isso, um B. "
A história é escrita em terceira pessoa, e os principais pontos de vista são de Amali e Fernando, mas foi jogado de qualquer jeito os pensamentos e diálogos deles que parece que após toda treta envolvendo o livro, ela precisava acrescentar detalhes, e com esses acréscimos ela deixou o livro confuso. Diversas vezes no meio de um pensamento já temos de outro personagem.

O livro tem erros de revisão grosseiros. Logo de início a autora já estava trocando nomes dos personagens e o livro tinha acabado de começar, além de um detalhe que eu vi em outra resenha e que só mostra o quanto o livro foi feito de qualquer jeito. Em uma das páginas a autora simplesmente copiou e colou um texto do Wikipédia e esqueceu de retirar os links, ou seja, nesse trecho somos redirecionados para página. Revisão cadê?

Palavras sublinhadas, são os links para redirecionamento no Wikipedia

Amali também teve sua capa e títulos alterados após toda a confusão, só que a autora esqueceu de trocar no GR, esse detalhe acredito que não pode ser esquecido.


Eu me senti muito incomodada com todo o enredo, parece que a autora queria escrever um livro de época e polemizar, mas acabou fazendo errado e mal feito. Porque além de polemizar do jeito errado, ainda deixou com erros dignos de revirar os olhos. Se a autora queria dar voz ao negro, abordando a escravidão, ela fez de uma forma totalmente errônea.
"Amali assentiu e saiu da sala, ainda estranhando o fato de o barão a chamar pelo nome, ainda que tivesse brigado quando ele a chamou de Isabela. O feitor pouco se importava com o quanto ela esperneava para que fosse chamada por seu nome, no entanto, o senhor daquelas terras demonstrou respeito ao chamá-la de Amali. Isso a deixou um tanto curiosa sobre aquele homem. Thaya vivia dizendo que ele era um homem bom... será?"
A escravidão é um período triste, e querer romantizar isso é no mínimo falta de empatia pelos negros. Infelizmente esse é um livro que não consigo indicar. Acho que qualquer livro que faz de uma época menos do que ela realmente foi, não merece minha indicação.

Além de todos os detalhes citados acima, a escrita da autora não me agradou, ela é confusa, e um livro com menos de 200 páginas se tornou entendiante e chato. Passei o dia lendo revirando os olhos de raiva e sono durante a leitura. Sempre termino as minhas resenhas, citando alguns pontos positivos do livro, mas esse não vou citar, porque a única coisa que ele me transmitiu foi revolta.

  



13 comentários:

  1. Oi ^^
    eu tô quase abandonando a leitura desse livro e fazendo uma resenha de abandono pq não tô conseguindo continuar.
    é mt coisa errada em uma história só!
    eu sinceramente não entendo como esse livro está tendo notas positivas.
    imagina como não estava antes da autora mexer na história. Cruzes.

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  2. Esse eu passo 😕
    Não posso comentar sobre um livro que não li, mas os trechos que vi já foram suficiente.

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  3. Tô com essa porcaria aqui. Não consegui passar da primeira página. É ruim DEMAIS!
    Eu jamais faria uma resenha tão completa como a sua caso conseguisse terminar.

    Bjksss

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  4. Parabéns pela resenha, eu evitei me envolver com esse assunto deste a 'treta' toda, realmente o que ela conseguiu foi atrair muita publicidade negativa pra si mesmo, e a editora não se deu nem ao trabalho de uma revisão decente? Depois de tudo era de se esperar que o livro fosse ao menos bem escrito, mas pelo que vi nem isso. Gostei muito da tua resenha, colocou todos os pontos importantes e deixou bem claro como foi a história.
    Beijinhos da Paty ;)

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  5. Nossa Raquel eu não conhecia o livro e logo de cara pegar uma resenha dessa...
    Por mais que a história pareça boa eu não senti um pingo de vontade de conhecer, talvez os pontos negativos tbm não ajudaram mto...
    bjs!

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  6. Não sei se o que a autora queria era platéia, mas se era conseguiu, porque tenho certeza de que ela não buscou de jeito nenhum foi qualidade. As pessoas acreditam que romantizar é colocar de forma leve e distraída, mas esquecem que a história está aí para contar detalhadamente os pormenores, pra se ter noção o preconceito ainda está tão latente que hoje em minha cidade aconteceu um fato enojante, uma garota se recusou em uma aula de teatro a pegar na mão de um menino por causa de sua cor, e acredite, a diretora da escola ao ser questionada disse que tinha coisas mais importantes para fazer. Imagine então nas literaturas desse tipo!

    adorei seu post

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  7. Oi, Raquel.

    Não acompanhei muito e nem quis palpitar, mas realmente, esse livro causou muita polêmica antes mesmo de ser lançado...

    O Fernando é aquele tipo de personagem que só ver como erro o que os outros fazem, né?

    Achei a Amali talvez, sei lá, submissa por se entregar totalmente ao amor do Fernando e deixar de lado a sua essência.

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  8. Raquel, já li esta bomba, mas creio que não vou nem resenhar, primeiro pra evitar mais confusão e segundo porque isso nem merece a publicidade. Juro que quando vi tanta defesa em relação ao livro, cogitei que não seria tão ruim, mas ledo engano.
    O livro romantiza a escravidão em todos os aspectos. A Escravidão descrita nessa história só existiu na fantasia da autora, pois na realidade era bem diferente. Até parece que naquela época um barão se casaria com uma escrava e seria assim de boas.
    Paradidático? Em que sentido? Ensinar história errado, e erros gráficos?
    Porque vamos combinar, acho que não tem uma página sem um erro nesse ebook. Leitura sofrida em todos os sentidos, tem partes do livro em que a dor do "herói" porque o barão (jhon snow, porque ele não sabe de nada - Inocente) é tão grande quanto a de Amali que foi presa, levada pra outro país contra a vontade, marcada a ferro, entre outras coisas.
    E ainda tem gente dizendo que esse livro não tem romantização.
    Parece que o pessoal nem sabe o que é romantização.
    Outro absurdo foi como a Amali aprendeu a falar português assim, de uma hora pra outra, quase sem explicação.
    Faltou noção pra lançar o livro, faltou pesquisa e faltou preparo por parte da autora.

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  9. Olá Kell!!!
    Dar pra perceber o quanto o livro lhe revoltou e acho que se estivesse podendo está presente como antes imagino num bate-papo comigo o quão você estaria me confessando que estaria querendo matar a autora kkkkk
    Realmente um livro que romantiza certos fatos fica difícil nos despertar algo por o mesmo, além da revolta e não sei como leria algo que só vem revoltando vários autores.
    Dica mais que repassada Kell, infelizmente :\

    lereliterario.blogspot.com

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  10. Oi Raquel. Uma pena o livro ser tão ruim. Erros de revisão até passaria, visto que os revisores no Brasil parecem não saber revisar. Mas a forma como você resenhou o livro nos dá uma ideia geral do conteúdo. Uma pena mesmo, porque tem muitas autoras nacionais que se empenham e escrevem muito bem, mas a gente acaba colocando todas no mesmo pacote. Bom, sei que não vou nem ler este para não ficar nervosa. Resenha muito boa. Bjus.

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  11. Raquel que absurdo. Meu Deus, quando cheguei na parte da resenha que você disse que a autora copiou e colocou do wikipedia, fiquei de boca aberta, literalmente. Que falta de consideração, eu sinceramente não tenho a mínima vontade de ler. E essa questão de romantizar um período tão feio e difícil da nossa história, claro que é uma ficção, mas certas coisas, são absurdas demais pra gente ignorar. Depois de tudo que você falou ainda fiquei pensando em como você conseguiu terminar esse livro. Eu teria abandonado logo no inicio, autores com escrita confusa que dão nó na minha cabeça eu nem perco meu tempo, tem livro bom demais na lista pra ta perdendo tempo com obra ruim. Isso é uma pena, porque tem escritores nacionais muito bons, embora eu tenha lido poucos, os que li foram ótimos.

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  12. Oi Raquel,
    O fato de ser uma história que envolve escravidão já me faz pensar duas coisas: ou a realidade aqui retratada será a de conhecimento histórico (nua e crua) ou a autora irá romantizar este tema sério e pesado. E estou esclarecendo isso antes de iniciar a leitura da sua resenha. Dito isso, consigo ver e entender toda a polêmica e fica difícil ignorar o quanto essa história tem problemas. Se for para abordar a escravidão em um livro, assuma e mostre o que essa época representou para a nossa história. Eu duvido muito (e aqui estou pensando em uma situação real) que uma escrava fosse deixar de lado ou amenizar sua dor e sofrimento por um homem que a tem como um objeto, que tem posse sobre ela, que a tirou de sua família e a deixou nas mãos de um capataz. Amali tinha que ter sido representada com força e garra do inicio ao fim. Uma pena a história não ter sido melhor desenvolvida, pois tenho certeza que no contexto certo teria rendido uma ótima trama.

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  13. Eu vou ser breve nesse comentário para eu não entrar em discórdia com as pessoas daqui mas eu também senti muito a repulsa lendo esse livro várias amigas minhas leram e comentaram comigo e parece que a intenção da autora era transformar esse livro em paradidático só que se você parar para perceber Não tem lógica se a autora deverá ser trabalhado isso melhor mas não deu muito certo

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