Resenha: O Menino de Alepo - Sumia Sukkar

Título: O Menino de Alepo
Autora: Sumia Sukkar
Editora: Globo Livros
Páginas: 240
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Esse romance, que se passa em meio à guerra da Síria, conta a história de um menino que sofre de Síndrome de Asperger e vive uma vida tranquila com a família em Alepo até estourar o conflito. Seus irmãos são convocados para o exército, seus pais desaparecem, a cidade encontra-se sitiada e ele e a irmã mais velha, sua melhor amiga e guardiã, tentam cruzar o país para tentar encontrar com os irmãos em Damasco. Quando a irmã acaba sequestrada por soldados do Estado Islâmico, o protagonista é obrigado a tentar se comunicar com o mundo através de cores, tintas e pinturas para chegar até seu destino, contando com a solidariedade das pessoas que encontra pelo caminho e encarando os horrores da guerra de forma muito peculiar e emocionante.





"...Eu nem sei por que é que está acontecendo uma guerra. Por que há uma revolução? Porque estão levando a minha família? O que aconteceu enquanto eu estava pintando e indo pra escola? Por que de repente todo mundo está falando de política quando costumava falar sobre arte, moda, religião e viagens?"
O Menino de Alepo conta a história de Adam, um garoto de 14 anos que tem  Síndrome de Asperger (transtorno do espectro autista). Ele junto com seu pai e irmãos irão viver coisas que até então eles só viam pela televisão. Quando a Guerra chega até Alepo, a vida deles se transformam da água para o vinho.

A mãe deles faleceu algum tempo e desde então Yasmine, irmã e amiga de Adam que tem tomado conta não só de Adam, como também de toda a família. Durante a leitura percebemos o tamanho da responsabilidade que ela tem, e no momento em que ela é sequestrada, vemos uma família ficar perdida e uma garota ser transformada pela guerra.

"...Eu estou passando fome e ninguém está me alimentando. Não temos comida em casa, mas Amira me ajuda todos os dias a ferver água na lareira porque a energia não volta faz oito dias. Estamos vivendo no escuro..."
Antes de falar sobre o livro é necessário saber um pouco sobre essa Guerra que acabou com diversas vidas.A Batalha de Alepo foi um confronto militar travado na cidade de Alepo, na Síria, entre as diversas facções da oposição síria (encabeçadas pela chamada Coalizão Nacional) e as forças do regime sírio, leais ao presidente Bashar al-Assad.A batalha começou em 19 de julho de 2012, dentro do contexto da Guerra Civil Síria. Os combates tomaram grandes proporções no fim de julho quando tropas do governo e da oposição iniciaram uma pesada luta pelo controle do centro da maior cidade do país, que tem um enorme valor estratégico e econômico para ambos os lados. Até fevereiro de 2016 cerca de 400 mil mortes ocorreram diretamente devido à violência, enquanto 70 mil pessoas morreram por não ter acesso a tratamento adequado, medicamentos, água limpa ou abrigo. O número de feridos chegava a 1,9 milhão de pessoas. A expectativa de vida no país caiu de 70 anos em 2010 para 55,4 em 2015. As perdas na economia eram estimadas em 255 bilhões de dólares, segundo o Guardian.
Fonte: Todos os dados acima foram extraídos dos sites G1 e Wikipedia, podendo sofrer alterações de informação
Agora voltando ao foco do livro que tem como personagem principal o Adam, um gartoto adora pintar, ele usa isso como uma espécie de fuga, tanto do dia a dia como também para expressar diversas emoções. Uma das coisas que ele costuma muito fazer é identificar cada pessoa de sua família é de uma cor e as emoções também, quando alguém está feliz ela é de tal cor e quando está com raiva de outra (não vou citar as cores para não ser spoiler). Com isso a autora acabou identificado também o início de capítulo com o nome de uma cor diferente, e durante a guerra as pinturas dele ganharam ainda mais vida e mais significado, já que ele pintava aquilo que ele via e muitas vezes não conseguia expressar

Esse livro mexeu muito comigo, eu me vi com o coração apertado diversas vezes. O jeito que Adam se expressa no livro é de partir o coração, e por mais que eu soubesse sobre a Guerra da Síria, nada que foi descrito chegou aos pés do que eu já tinha visto em reportagens. Teve partes que tive que parar a leitura e respirar, porque não estava preparada para tudo que li.

"Eu ficava perguntando a Baba o que o médico quis dizer com "minha condição", mas Baba não respondia. Sei que sou diferente porque falo diferente. Só não sei qual é a minha condição"

Uma das coisas que me incomodou, porém não posso afirmar como lidam com o assunto em outro pais é sobre o Autismo de Adam. Queria que eles falassem sobre o assunto e não que tratassem ele como "diferente", porém não sei como é visto o Autismo em outro país. Vou deixar aqui o link de um resumo sobre a Síndrome de Asperger. Lembrando que é um assunto que conheço um pouco, mas não sou especialista pra poder debater e nem falar se o livro abordou de forma certa ou errada, por isso não vou me aprofundar nesse tema.
"Olho ao meu redor e percebo como a sala lembra uma paleta de cores; eu poderia pintar a guerra com as cores do rosto deles..."
A Guerra é algo que foi abordado de uma forma que me impactou muito, e mesmo após a leitura me peguei pensando sobre a história, de como eles eram gratos por pouca coisa, e agradeciam por coisas que muitas eu estaria amaldiçoando. Esse livro mexeu comigo de uma forma que não sei explicar.



O Menino de Alepo é todo escrito em primeira pessoa, a maioria dos capítulos escrito pelo ponto de vista de Adam, que torna ainda mais impactante não só por ser uma garoto autista, mas também por ser um garoto de 14 anos. A capa transmite um pouco da história também do livro e durante a leitura não encontrei erros ortográficos. A sinopse do livro, mesmo que eu tenha lido somente após a conclusão do livro me incomodou um pouco pela quantidade de spoilers que contém e que poderiam ser evitado.

O Menino de Alepo é um livro sobre família, superação, amor e amizade. Um livro que mostra que a guerra pode destruir não só uma cidade, mas também uma família e todos seus ideais, e acima de tudo mostra a gratidão e o amor nas pequenas coisas.





7 comentários:

  1. Raquel!
    Vada país trata as síndromes de forma diferente, não é?
    Infelizmente na Síria e nos países que vivem em conflitos, as crianças são tidas como relegadas a prórpia sorte, o que dá uma tristeza imensa.
    Imagino a agonia que foi acompanhar a viagem de Adam e da irmã para fugir da batalha e atravessar o país.
    Uma semaninha plena de amor no coração!
    “Eu escolho um homem que não duvide de minha coragem, que não me acredite inocente, que tenha a coragem de me tratar como uma mulher.” (Anaïs Nin)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA FEVEREIRO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  2. Essa história parece ser bem tocante, tanto pelo protogonista que além de ter autismo e se vê em meio a uma guerra que vem matando e transformando negativamente muita gente, e isso é tão triste, o paragrafo que nos situa sobre a guerra foi importante e devastador, quanto pela irmã e amiga de Adam, o pouco que você falou dela me fez pensar que a participação dela é triste e importante. Eu achei a resenha ótima e fiquei interessada na obra.

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  3. Que resenha mais incrível! Confesso que ainda não conhecia o livro e já fui correndo adicionar aos desejados do Skoob. Gosto muito de livros com historias que nos toquem, e este ainda mais por falar em uma doença tão pouco conhecia e por se ambientar em uma guerra, e pelos olhos de uma criança ver tanto sofrimento. Quero saber o que acontecerá com esta família.Creio que seja uma historia muito emocionante e fiquei super interessada pelo livro.

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  4. Raquel que resenha linda, me emocionei aqui, parabéns!
    O livro deve ser divinamente lindo, eu espero ter uma chance de conhecer em breve.
    Amei essa capa tbm!
    Bjs

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  5. Oi Raquel!
    Confesso que também sei bem pouco sobre a síndrome, mas acredito que as pessoas que tratam como "diferente" simplesmente não compreendem. Gosto bastante de livros ambientados no meio da guerra, é como você disse, nos faz refletir em como, mesmo na ficção, todos eram gratos por tão poucos (para nós né). Gostei da resenha e pretendo ler!
    Beijos

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  6. Ai, Raquel quero muito ler esse livro.
    Fico com o coração apertado só lendo uns trechos.
    Gosto muito de livros sobre guerras, nos faz refletir e valorizar muita coisa.
    Autismo já li algumas coisas, muitas vezes são colocados como "diferentes" e só, se for bem pesquisado pode ser bem mais abordado.
    Parabéns pela resenha!

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  7. Oi Raquel,
    Histórias de guerras sempre nos comovem e emocionam, mas quando estas trazem um protagonista com Síndrome de Aspenger, os sentimentos vão além e fica difícil não se sensibilizar pela trama. Adam, apesar da pouca idade, já carrega uma bagagem de dramas e tragédias bem grande em sua vida. Sem sua irmã e amiga por perto, já fiquei angustiada ao imaginar como será sua sobrevivência em meio a guerra. Acredito que o foco do livro não está na condição do Adam, mas no contexto geral que a trama gira, ou seja, na guerra e em como ela afeta as pessoas. Essa é uma indicação que faço questão de anotar para uma leitura futura e espero gostar e me emocionar com a história de Adam.

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